Ao definir um disjuntor para um projeto, é comum atentar-se à corrente nominal, ao número de polos e até à curva de atuação. Poucos reparam em outra informação que é de extrema relevância: a capacidade de interrupção. Ela geralmente vem especificada em “KA” e determina o limite de corrente em que o disjuntor suporta atuar em um curto-circuito.
Nos disjuntores do padrão DIN, a capacidade de interrupção mais comum é de 3KA. Isso quer dizer que ele pode ser utilizado em instalações com o nível de curto-circuito presumido igual ou menor que 3000A. Aliás, “KA” vem do inglês “kilo amper”. Se por engano ou desconhecimento ele for instalado em um local onde o curto-circuito ultrapasse esse valor, é possível que o disjuntor não consiga interrompê-lo e acabe sendo danificado, em casos mais extremos podendo até explodir.
Os disjuntores de caixa moldada costumam ter valores mais altos de capacidade de interrupção, e geralmente especificada de duas formas diferentes: ICU e ICS. O ICU é o nível máximo de curto-circuito que o disjuntor suporta, sem levar em consideração o comprometimento do seu funcionamento. No caso do ICS, há a condição de que ele volte a operar normalmente por pelo menos três eventos, e por isso os valores são mais baixos em relação ao ICU.
A correta especificação de um disjuntor de baixa tensão deve levar em conta os critérios abaixo:
1 – Corrente nominal;
2 – Tensão de operação;
3 – Tensão de isolação;
4 – Capacidade de atuação e ruptura em caso de curto circuito;
A capacidade de interrupção de curto circuito é o mais critico parâmetro na especificação de um disjuntor e muitas vezes prestamos atenção nos catálogos de fabricantes, à somente o valor de ICU e desconsideramos o ICS,
Significados:
Os termos ICU e ICS tem sua origem relacionados com os ensaios realizados em disjuntores conforme a norma IEC 60947-2 – Dispositivos de comando e manobra em baixa tensão conforme abaixo:
ICU – Rated ultimate short-circuit breaking capacity.
Basicamente a capacidade máxima de interrupção de uma corrente de curto-circuito suportada pelo disjuntor após uma determinada sequencia de testes, sendo que apos este teste não é garantido que o mesmo será capaz de conduzir sua corrente nominal ou operar normalmente.
No entanto, o mesmo deve ser seguro nesta condição durante e após a interrupção de uma corrente de curto circuito e para esta comprovação é também submetido a um teste de isolação elétrica apos o ensaio de ICU.
Geralmente o valor de ICU , indicado nos catálogos de fabricantes é o único valor levado em consideração para especificar a capacidade de interrupção de curto circuito de um disjuntor.
ICS – Rated service short-circuit breaking capacity.
Basicamente significa a capacidade máxima de interrupção de uma corrente de curto-circuito suportada pelo disjuntor após uma determinada sequencia de testes, a grande diferença deste fator com relação ao anterior é que desta vez após esta sequência de testes o disjuntor necessita obrigatoriamente, na sua tensão de operação, ser capaz de conduzir sua corrente nominal e operar normalmente.
O disjuntor deve preservar esta característica de conduzir a corrente ICS quando houver até no mínimo 3 eventos de curto circuito, voltando a operar de maneira integra após os ocorridos e um disjuntor com alto índice de ICS, tende a ser o mais caro.
A capacidade de interrupção da corrente ICS é expressa nos catálogos dos fabricantes como porcentagem da ICU, os valores típicos são 25%, 50%, 75% e 100% da ICU.
E no dia-a-dia? Como especificamos corretamente um disjuntor aplicando os fatores de ICS e ICU
Como dito, geralmente é negligenciado o uso do fator ICS, desta forma podemos concluir que uma aplicação especificada desta forma não garantirá o retorno do disjuntor à operação normal de serviço.
Utilizando na especificação do disjuntor apenas o fator ICU garantiremos apenas a capacidade de interrupção em caso de curto circuito.
Por outro lado, analisando a consideração do fator ICS, teremos um sistema de distribuição elétrica que prioriza uma boa disponibilidade. Isso se torna ainda mais importante quando falamos de sistemas de missão crítica onde a dificuldade de parada para manutenção é elevada, e pode trazer ainda mais transtornos econômicos caso um sistema ‘fique fora do ar’ (parada de equipamentos ou processos) é interessante o estudo do uso de disjuntores com altos índices de ICS, garantindo a continuidade do serviço em caso de faltas graves.
Para que isso aconteça o valor de ICS de um disjuntor deve ser no mínimo igual à corrente de curto circuito da instalação.
Acima temos um exemplo de disjuntor com valor de ICS equivalente a 50% da ICU.
É bom considerarmos, entretanto, que apesar da condição de um disjuntor apresentar o valor de ICS igual ao de ICU representar uma situação ótima, ela não é obrigatória.
Se você for o projetista, calcule a corrente de curto-circuito presumida ou consulte na normativa da concessionária e a especifique em seu projeto. Caso seja eletricista, cobre essa informação do projetista e leve em consideração no momento da compra. O disjuntor pode ter capacidade maior, mas nunca menor em relação ao especificado.
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